O conceito de empreendedorismo criativo está em livros, palestras e cursos, entre outros. O termo pode remeter à criação de algo revolucionário e mirabolante, mas não é tão ao extremo. Ou seja, ideias simples e recursos adaptáveis também devem ser considerados, independentemente se o seu plano, no futuro, é (ou não) montar uma empresa.
Definir fórmulas para conduzir de forma inovadora um negócio sempre foi uma tarefa complicada e, atualmente, torna-se ainda mais. Hoje o cliente tem mais informação e consciência do seu papel como consumidor, além de buscar múltiplas coisas simultaneamente: novidade, qualidade, conforto, bom atendimento, praticidade. Não raro, acompanhamos casos de pessoas que, partindo de ideias básicas, conseguem oferecer algo inédito e do agrado de seus clientes.
Um exemplo está na cidade de Rio Grande (RS). A empresária Alessandra de Souza circula pelas ruas com bolsas e sapatos na sua minivan itinerante. Exato, a Dondoka (sua loja) atende clientes com comodidade e alguma estrutura montada dentro do veículo: provador, estoque, espelho, sistema de pagamento com cartões. A fuga do conceito de “loja convencional”, com lugar fixo, foi reforçada com atendimento personalizado e brindes ofertados às “dondocas”.
Já em São Paulo, a jovem Camila Fasano trabalhou seu lado empreendedor com uma valiosa ajuda da família. Ela é herdeira do Fasano, poderoso grupo da capital paulista que possui hotéis e restaurantes de luxo. Tendo know-how familiar unido a boas oportunidades, como uma temporada de estudos na França, Camila idealizou o Fasano Bambini: um buffet infantil para festas que traz as opções que toda criança gosta, mas também atrai os adultos com ingredientes mais sofisticados.
Alessandra, Camila e outras pessoas que tiveram ideias e/ou mudaram de profissão para executá-las buscaram, nos seus empreendimentos, o “algo a mais” que faria a diferença na vida de seus clientes, considerando as mais variadas realidades. Claro que um negócio próprio requer cautela, pesquisa, capital para investir e muito planejamento. Mas para quem não se interessa, não tem condições ou não acredita que seu talento empresarial exista, como ser um empreendedor criativo?
Pessoalmente, creio que a criatividade vem do contato com os mais diversos grupos de pessoas e atividades. Ou seja, não é insistir sempre na mesma tecla, mas procurar novas coisas que fujam da zona de conforto – do contrário, como viver sem ter o que descobrir? Nem todos os grupos de atividades que trabalham uma mesma coisa são iguais e trago aqui o exemplo (pessoal) de oficinas de teatro: cada professor tem uma vivência, uma formação, conhecimento de tais técnicas. Ainda que o assunto seja em comum, jamais serão as mesmas aulas. E, por mais que tu tenhas experiência, é recomendável embarcar em projetos similares (como novas oficinas) para saber que podemos conhecer pessoas novas e levar essas vivências muito legais conosco para sempre. São só nossas.
Muitas outras atividades podem ser aplicadas a este exemplo, mas a ideia é a mesma: não se acomodar. Não apenas porque o mercado de trabalho exige que os profissionais sejam múltiplos, mas também porque, ao desenvolvermos alguma tarefa, habilidades cognitivas são desenvolvidas, bem como noções de espírito de equipe, colaboração e responsabilidade. São características valorizadas o tempo todo, para a vida toda.